Coordenadores: Claudino Ferreira [ FEUC/CES ] Paula Guerra [ FLUP/IS-UP ] Vera Borges [ DINÂMIA'CET-IUL ]
A Seção Temática de Arte, Cultura e Comunicação da Associação Portuguesa de Sociologia convida a uma reflexão em torno de uma nova era, a da pós-verdade, promovendo ampla discussão em torno da esfera pública, cidadania e qualidade da democracia no Portugal contemporâneo – motes do X Congresso Português de Sociologia a realizar entre os dias 10 e 12 de julho de 2018 na Covilhã.
Sendo há muito áreas consagradas da Sociologia, a arte, a cultura e a comunicação vêm granjeando, nos últimos anos, uma atenção crescente por parte dos sociólogos, tanto aqueles que se dedicam à investigação e ao ensino, como face aos que exercem atividade em contextos de prática profissional aplicada. Se é certo que, no quadro disciplinar da Sociologia, este foram sempre domínios atravessados por uma forte pluralidade e ambivalência conceptual de que a ambiguidade do conceito de cultura é especialmente reveladora, é certo também que as transformações que têm marcado a reconfiguração da esfera cultural (e das culturas) e a redefinição do lugar da arte (artes) e da comunicação nas sociedades contemporâneas concorrem para tornar este quadro mais complexo. Complexidade que tem sido conexa à emergência de temáticas, de diversidades de conteúdo, de ecletismo de metodologias e de renovação de práticas.
Assim, a um nível geral, abordaremos a arte e os seus discursos (escritos, falados, criados) e procuraremos compreender até que ponto a arte é mobilizadora de grupos, causas e contextos. Perguntamo-nos como é que arte se manifesta em diferentes momentos históricos e socioeconómicos? Até que ponto a arte constrói novas realidades, reinventa outras e participa como fazedora da esfera pública? As artes, as culturas e as comunicações não são mero reflexo da sociedade; são, contextos e objetos de produção, criação e mediação de discursos próprios acerca do real societal.
A um nível intermédio, procuraremos discutir como é que cada mundo artístico, os seus profissionais, as suas redes (digitais) e os seus públicos ativam uma participação específica das artes na esfera pública. Quais são os efeitos da evolução tecnológica (principalmente da Internet)? Que mudanças se processam na forma como os profissionais se organizam, as suas redes de criação, produção e distribuição? As arts-in-action são hoje um terreno de complexidade política e social. E desafio perene da renovação da prática sociológica, sobretudo quando pensamos de forma multidisciplinar, policêntrica e multi-escalar.
Por fim, ao nível micro, como é que as diferentes formas artísticas e de comunicação - do teatro, a dança, artes performativas contemporâneas, passando pela arquitetura, literatura, cinema, jornalismo, arte pública, arte urbana - intervêm na esfera pública? Como assumem a sua vertente micro-simbólica, ativa, experiencial, em que contextos e geografias? Como conjugam práticas, discursos, projetos palcos e média?
Contamos com o contributo de todos para aumentar e consolidar a esfera pública das artes, das culturas e da comunicação e de como estas podem ajudar-nos a refletir sobre os tempos que hoje vivemos. É este o repto que vos lançamos.
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