Call | Globalização, Política e Cidadania

Chamada para trabalhos |Globalização, Política e Cidadania

Coordenadores: Alcides Monteiro [ UBI ] Fernando Bessa Ribeiro [ UTAD ]


Globalização, Política e Cidadania é uma Área Temática (AT) orientada para o debate crítico dos problemas que as dinâmicas globais colocam aos cidadãos e aos Estados. Envolvendo múltiplos campos (sociais, económicos, políticos, ambientais e culturais), esta área temática procura beneficiar dos contributos teóricos e empíricos de sociólogos e outros cientistas sociais que trabalham sobre globalização, políticas e cidadania nas mais diversas geografias e escalas.

Washington, janeiro de 2017: o FBI e CIA acusam a Rússia de ter influenciado as eleições nos EUA, através de “hackers ligados ao governo russo” que teriam publicado milhares de e-mails da campanha de Hillary Clinton, do Partido Democrata; Paris, outubro de 2017: à semelhança do já ocorrido em outros países europeus, a versão francesa da cadeia Russia Today, financiada pelo Kremlin, dá início às suas emissões. Apresenta-se como um meio de “reinformação” face às “contra-verdades infamantes” de que a Rússia estará a ser alvo. Em ambos os casos, duas grandes potências queixam-se de serem vítimas da distorção da realidade e reagem procurando difundir as suas próprias versões da “verdade”.

Sem esquecer a rua e outras arenas, as redes sociais são hoje o grande espaço de congregação e de busca de visibilidade para todo o tipo de grupos, movimentos e vozes. Nelas a cidadania acontece, mas também é através delas que outros grupos, empresas e até Estados influenciam opiniões, condicionam a liberdade dos cidadãos e a transformam mesmo numa ilusão. A mediatização dos compromissos, dos debates e dos combates oscila entre ganhos de esclarecimento e de consciência política e reforço das manipulações.

Nos anos 80 e 90 do século passado, Beck e Giddens, ao referirem a emergência de novos riscos e a importância da reflexividade, e Bauman a “modernidade líquida”, interpelam e reclamam o bom uso da capacidade reflexiva para tomarmos decisões sobre as nossas vidas, num mundo “líquido”, de informação acelerada e em constante mudança. A tríade informação – reflexão – decisão alimentaria uma parte fundamental da nossa capacidade, individual e coletiva, de reagir aos risco sociais e de orientar a ação para a resolução dos problemas sociais, na promoção de uma sociedade justa, inclusiva e de bem-estar. Mas como tomar decisões, como desenhar horizontes coletivos de referência num contexto de informação deturpada usada por uns para manipular outros? Pode a democracia sobreviver a essa deturpação e falta de transparência? Ou também é tempo de se começar a falar em pós-democracia?

Pretende-se que as propostas de comunicação que se inscrevem nesta área temática sejam construídas a partir de diferentes enfoques teóricos e metodológicos, podendo ser sustentadas por pesquisas empíricas, nomeadamente em contextos não-europeus, e considerando um dos seguintes temas:

(i) Da qualidade da democracia: reflexividade individual, esfera pública e exercício da cidadania;

(ii) Redes sociais e ativismo político: entre a vigilância e a denúncia;

(iii) Estado, movimentos sociais e lutas sociais: perspetivas teóricas e estudos de

caso;

(iv) Crises, guerras e migrações: desafios políticos, ação pública e intervenção humanitária.

(v) Alterações climáticas como questão social e política: conflitos e intervenção cidadã;

(vi) Questões globais, ação local: redes de mobilização, modelos de governança, modos de organização e formas de democracia participativa.


Submissões encerradas.

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