Coordenadores: Emília Araújo [UM ] Rosalina Costa [ Uévora – CEPESE e CICSNova]
Tal como o denunciam vários autores dedicados às questões do tempo e da temporalidade nas sociedades atuais, a aceleração técnica move as fronteiras espaciais e axiológicas, propondo múltiplas formas de revisitação do que outrora parecia enformar a ‘verdade’, seja ao nível do quotidiano, da memória ou do tempo futuro. Por isso, impõe novos esquemas de organização da vida, conduzindo a questionamentos centrais sobre o tempo da e para a política, a participação e a ética. Com efeito, valores como a privacidade, a intimidade e a expressão e importância da esfera pública, enquanto tempo-espaço de participação e aferição de orientações políticas com influência sobre o futuro dos grupos, das comunidades e das sociedades, estão hoje em profunda metamorfose, alterando tradicionais alicerces das identidades individuais e coletivas e apelando a novas modalidades de antecipação e regulação. Mas, qual é o papel do tempo e da temporalidade na constituição das identidades? Como se entrelaçam estas identidades com os objetos sociotécnicos e as suas redes de significado? Que valores são privilegiados e contestados? Como se adaptam ou convivem os sujeitos sociais com os múltiplos níveis de discurso e de que modo afetam estes as suas vidas no presente e no futuro? Que margem tem a acção política, face a aceleração e antecipação potenciada pela técnica e pelas poderosas conexões e redes de circulação e de vigilância globais? Que conexões há entre os ritmos de vida, as identidades e os ritmos da ação política? Que (outras) vulnerabilidades atravessam as identidades, os modos de vida e os valores nas sociedades contemporâneas?
Estas são algumas interrogações que consideramos relevantes formular e integrar no debate acerca das identidades, valores e modos de vida no X Congresso Português de Sociologia. Na era da ‘pós-verdade’ interessa pensar como a crescente digitalização muda a face das sociedades, transformando comportamentos e criando (novos) desajustamentos e desigualdades na esfera do acesso à participação política, mas também novos desafios aos modos de pensar como os atores sociais vivem o dia-a-dia e que sentidos são construídos a partir das possibilidades de manipulação espácio-temporal oferecidas pela aceleração técnica.
Apelamos, deste modo, a sociólogos(as) e cientistas sociais de áreas afins que se juntem a nós para a apresentação e partilha de resultados de investigação concluída ou em progresso, contribuindo, dessa forma, para a discussão das identidades, valores e modos de vida no Portugal contemporâneo, a qual pode seguir os tópicos adiante apresentados, embora não se esgotando neles:
1. Identidades, democracia e cidadania
2. Democracia, identidades e tempo
3. Tempos, espaços e aceleração social
4. Identidades, modos de vida e discursos
5. Redes sociais, identidades e cidadania
6. Digitalização, (novas) identidades e hibridez temporal
7. Ritmos, redes, passagens e durações
8. Verdades, mentiras e (outras) éticas pragmáticas e discursivas
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