Coordenadores: Pedro Góis [FE-CES/UC ] José Carlos Laranjo Marques [IPL - CICS.NOVA] João Peixoto [ISEG-UL]
As migrações são hoje uma realidade incontornável a nível global. O aumento, a diversidade e a amplitude dos fluxos migratórios internacionais registados nas últimas décadas, potenciados pela intensificação dos processos de globalização e do desenvolvimento das tecnologias de comunicação e de informação, transformaram profundamente as sociedades contemporâneas. Face ao impacto destas novas realidades nas estruturas sociais, na coesão social e no exercício da democracia, os Estados e a comunidade internacional têm respondido de forma diversificada. A par de uma maior consciencialização sobre o contributo dos migrantes para o desenvolvimento económico e sustentável (quer no país de destino, quer no país de origem), da implementação de políticas de valorização dos direitos humanos e da boa governança no quadro das migrações, do emergente desenvolvimento do transnacionalismo, tanto a nível das políticas como das práticas transnacionais das diásporas, tem-se vindo, igualmente, a assistir, na última década, à radicalização de discursos e de práticas de cariz xenófobo e racista.
As migrações, enquanto fenómeno social, têm vindo a assumir um lugar central na opinião pública e no debate político. Em diversos contextos esta centralidade é amparada por um discurso empiricamente pouco sustentado e assente na manipulação de apelos emotivos e no questionamento do conhecimento arrolado pela sociologia (e por outras ciências sociais). As discussões em torno das migrações e dos migrantes (enquanto categoria sociológica) têm sido férteis para o desenvolvimento de narrativas assentes na pós-verdade e na exploração de estereótipos. A Sociologia, e em particular a Sociologia das Migrações, tem procurado desconstruir este ‘discurso das aparências’ através da análise científica da realidade migratória, das suas causas e das suas consequências. A dissonância entre o afirmado pela pós-verdade e a realidade cientificamente observada e analisada é um sinal de que a análise sociológica nem sempre tem tido sucesso.
Num período da história contemporânea em que a mobilidade se tornou parte dos percursos normais dos indivíduos, o grande desafio é o de pensar as migrações como objeto da Sociologia e conhecê-las de forma aprofundada. As migrações humanas são um dos eixos principais das dinâmicas sociais contemporâneas, mas, em simultâneo, desafiam fronteiras físicas e conceptuais e representações colectivas. Integração, refugiados, trabalhadores migrantes, mobilidade, direitos dos migrantes, xenofobia, racismo, minorias étnicas são conceitos que quotidianamente surgem nos media e desafiam a coesão social das sociedades. Por outro lado, as migrações põem em causa o nacionalismo metodológico com que se investigam a(s) sociedade(s), oferecendo múltiplos olhares, a diferentes escalas e quase sempre multipolares sobre um mesmo objeto.
No âmbito do congresso ‘Na era da pós-verdade? Esfera pública, cidadania e qualidade da democracia no Portugal contemporâneo’, apela-se ao envio de comunicações que analisem, a partir de uma perspetiva sociológica, os seguintes eixos temáticos:
- Migrações internacionais contemporâneas - Migrações de (e para) a União Europeia
- Emigração e imigração em Portugal
- Refugiados
- Migrações, media e opinião pública
- Migrações ambientalmente induzidas - Integração e cidadania
- Etnicidade(s) e identidade(s)
- Transnacionalismo
- Xenofobia e racismo(s)
Serão particularmente consideradas comunicações que apresentem e discutam sociologicamente dados empíricos recentes, quer quantitativos, quer qualitativos.
Os resumos devem ser organizados com as secções: objetivos, métodos, resultados e conclusões. Limite máximo de caracteres: 2500 (sem espaços).
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