Coordenadores: Carlos Fortuna [ FE-UC ] Luís Baptista [ FCSH-UNL ] Manuel Carlos Silva [ UMinho ]
Portugal, sendo um país profundamente rural até aos anos setenta do século XX, de industrialização tardia e débil, revelou, no entanto, no último meio século, uma urbanização potente e complexa. À desurbanização do interior não correspondeu a revalorização do rural que a sociologia portuguesa tanto analisou e celebrou há uns trinta anos atrás.
Em Portugal diluiu-se a velha dicotomia urbano-rural: de um lado, o rural perdeu vitalidade produtiva agrícola e os campos tornaram-se “ambiente” de turismo e lazer; de outro lado, o urbano tornou-se “território” e as cidades viram-se convertidas em “paisagens”, com dinâmicas e mudanças socioeconómicas e culturais de relevo.
O espaço-tempo do rural-urbano intersecta as diversas ciências sociais, nomeadamente a Sociologia. Tanto o presente como o futuro das nossas cidades e dos nossos campos continuam a reclamar um olhar sociológico urgente e crítico. É nos territórios rurais e urbanos do Portugal contemporâneo, que se desenham os nossos futuros, pelo que importa analisar (i) a vitalidade e as deficiências das suas estruturas económicas e sociais; (ii) as recomposições sociais de classes e de categorias sociais; (iii) os mundos do trabalho e das organizações; (iv) as sociabilidades e os modelos de família; (v) os hábitos, os modos e os estilos de vida; (vi) as representações sociais e as mundividências culturais e simbólicas.
Atento a estes desafios, o X Congresso Português de Sociologia convida-vos a refletir sobre As Cidades, os Campos e os Territórios portugueses de hoje. Aberta ao debate interno, esta Área Temática abre-se também a uma variedade enorme de objetos e problemáticas, como são os que atravessam a realidade urbana e rural da atualidade e as mudanças mais ou menos repentinas que revela. Por isso, caros/as colegas, aceitamos propostas de comunicação e posters que, centrados nestes objetos, analisem questões relacionadas com
- territórios rurais e urbanos, enquanto constrangimentos e oportunidades de ação e locais de modalidades diversas de apropriação material e simbólica; campos e cidades como territórios de trabalho e mobilidade, de cultura e lazer, de (in)ação em torno do poder local;
- atores sociais: classes, grupos sociais e indivíduos em contextos rurais e urbanos, envolvidos em práticas de conservação e/ou mudança social e renovação de mentalidades perante a presença e acolhimento de vários/as “outros/as” que aqui se inserem;
- Economia, política e governação: formação da cidade, grupos económicos e o papel do Estado e dos municípios; espaço público e cidadania; processos de reabilitação urbana; lobies e clientelismos; movimentos sociais e participação social in situ; multi-inter-culturalidade;
- política e ação cultural: contextos de produção e circulação cultural: associações e clubes; novos acontecimentos urbanos;
- valorização dos lugares e competição intercidades; turismo urbano e turismo rural; a cidade dos festivais; discursos e novas narrativas;
- patrimónios e rituais urbanos e rurais: quotidianidades, modos de vida e (con)vivências; sociabilidades, interações e identidades grupais;
- planeamento e gestão dos territórios: conflitos e coesão social; infraestruturação urbana (habitação, transportes e equipamentos sociais), (sub)urbanização, mobilidades urbanas e interurbanas; prevenção de riscos/calamidades e (des)ordenamento de territórios designadamente rurais;
- o rural-urbano: de processos de resistência e/ou adaptação à revalorização e reinvenção de ruralidades e urbanidades em vista do desenvolvimento local e regional e do bem-estar social.
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