• X Congresso Português de Sociologia

    NA ERA DA "PÓS-VERDADE"? ESFERA PÚBLICA, CIDADANIA E QUALIDADE
    DA DEMOCRACIA NO PORTUGAL CONTEMPORÂNEO

Datas

10, 11 e 12 de julho de 2018

Local

Universidade da Beira Interior (Covilhã)

Programa final

Disponível na aba "Programa"

Inscrições

Early bird - até 25 de junho (geral)

Informações importantes

A inscrição no congresso implica a criação de uma conta.

Os dados não são os mesmos dos anos anteriores. Para esclarecimento de dúvidas, consulte as normas do congresso

Submissão de artigos para as atas do congresso até 30 de Setembro

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Sessões especiais do X Congresso Português de Sociologia

  • Mesa redonda "Este congresso não é para brincadeiras"

    10 de Julho de 2018, 21:30 | Instalações do New Hand Lab, Covilhã Apoio do New Hand Lab e Câmara Municipal da Covilhã

    Saber mais aqui.

  • Maio de 68 com a música popular, com David Ferreira

    Moderação de Ana Romão; comentários de Manuel Carlos Silva e Beatriz Lacerda 11 de Julho de 2018, 18h00 | Auditório- Universidade da Beira Interior

    Saber mais aqui.

Apresentação

Call Geral do X Congresso

A Sociologia Portuguesa tem um papel a desempenhar na análise das emergentes reconfigurações da esfera pública, particularmente no que se refere à centralidade dos comportamentos, atitudes e opiniões construídos no e pelo ciberespaço, embora com intensas repercussões offline, abarcando o domínio do que comummente se apelida de “redes sociais”. Em certa medida, importa perceber as metamorfoses da sociedade da informação e do conhecimento, particularmente quando se disseminam práticas sociais assentes na dissociação entre os protocolos de construção dos factos e a ductilidade epidérmica das opiniões e das emoções, erigidas, tantas vezes, em critério único de relevância argumentativa.

Se os mecanismos tradicionais de expressão política se encontram em crise, por uma quebra acumulada de confiança na sua eficácia, transparência e adesão democrática, não é menos verdade que os próprios novos e novíssimos movimentos sociais se veem ultrapassados pela vertigem da emoção e mesmo da mentira enquanto supremos alicerces do debate público, a tal ponto que se torna inglório o esforço de distinção entre uma mentira verdadeira e um facto falso…

Simultaneamente, a centralização dos saberes tecnológicos em núcleos fechados de poder político e económico acentua as desigualdades e diminui as possibilidades de um debate informado, alimentado pelo contraditório e pela argumentação dialógica, reforçando a dominação de muitos por poucos, através de mecanismos cada vez menos transparentes e desmontáveis.

Importaria, pois, à sociologia, perceber a profundidade dos fenómenos de enclausuramento em bolhas cognitivas, em que a conexão é extremamente seletiva e os repertórios autorreferenciais. Como compreender a lógica comunicativa de formação de stocks de conhecimentos enviesados e filtrados através de algoritmos que só nos permitem comunicar com pessoas que pensam e tendem a agir como nós, numa cavalgada de ensimesmamento etnocêntrico? Como mobilizar os conceitos, os arsenais metodológicos e a bateria de técnicas que formam o nosso património sociológico para observar uma realidade construída simbolicamente na aversão à argumentação racional e crítica? Como adaptar a dialética da dupla hermenêutica, em que interpretamos e interpelamos sociologicamente interpretações que nos interpretam e interpelam, se estas se fundam na recusa da diversidade do mundo da vida? Como aceder a pontos de vista que se confundem com o absoluto da verdade, eliminando a confrontação? Como aferir das disposições sociais mobilizadas por estas novas formas de participação? Em que medida está em causa a democracia tal como a conhecemos? Quais as metamorfoses da reflexividade e da agência perante uma tão vasta produção de informação falsa, enganadora e incompleta?

Tal como o bom jornalismo procura a verdade dos factos, a boa sociologia exige trabalho de investigação, desconstrução e indagação para construir uma facticidade, ainda que provisória e sujeita a verificação. Se a sociologia pode ser definida como a tentativa de compreender a lógica das práticas sociais dos agentes, incorporando o sentido que eles próprios lhes conferem, então o X Congresso Português de Sociologia constituirá certamente um momento memorável desse esforço coletivo em prol de uma esfera pública aberta, crítica e racional.

A Direcção da APS agradece desde já ao Excelentíssimo Senhor Reitor da Universidade da Beira Interior, Prof. Doutor António Fidalgo, ao Excelentíssimo Senhor Vice-Reitor para o Ensino, Prof. Doutor João Canavilhas e ao Departamento de Sociologia, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas pelo acolhimento do X Congresso Português de Sociologia.

Aponte já na sua agenda. Contamos consigo!

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